ENTREVISTANDO O PAI DO ARLEQUIM PORTUGUES.
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ENTREVISTANDO O PAI DO ARLEQUIM PORTUGUES.
ENTREVISTANDO O PAI DO ARLEQUIM PORTUGUES, ARMANDO MORENO.
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Caro Professor Armando Moreno.
Primeiramente desculpe estar invadindo assim a sua privacidade.
Meu nome é Bento. Sou brasileiro e criador de canários. Tenho um fórum na Internet, caso não saiba o que é um fórum, bem é um lugar onde vários criadores se reúnem e se ajudam mutuamente uns aos outros dando dicas de manejo e contando suas experiências com canários.
Professor Armando Moreno é com grande alegria que lhe dou os meus parabéns em nome de todos os brasileiros pela sua obra com o Arlequim Português. São pessoas como o senhor que nos dão orgulho na ornitologia e vontade de seguir em frente em nossas criações. Professor admiro muito a sua luta e vontade em fazer um canário maravilhoso como é o arlequim, deve ser muito gratificante para o senhor ter o seu trabalho reconhecido mundialmente e lhe dou mais uma vez os meus parabéns.
E o motivo do meu contato é justamente este: ajudar ainda mais o Arlequim a ser conhecido aqui no Brasil. Aqui pouco se sabe e muitos tem o interesse em saber sobre o Arlequim.
Nós deste fórum fizemos entrevistas com criadores e amantes de aves em geral e colocamos estas entrevistas em lugar de destaque no fórum. Todos os membros deste fórum querem conhecer mais a respeito do Arlequim e o mais importante fazer uma justa homenagem ao pai do Arlequim que é o senhor.
Professor Armando Moreno peço em nome de todos os membros do fórum que nos conceda esta entrevista.
Como não podemos fazê-la pessoalmente por motivos de distancia, faríamos de forma ‘virtual’, mandaríamos um formulário de perguntas para o senhor responder, este formulário esta ao cuidados do Sr. Armindo Tavares, o qual pode falar ao Sr.sobre a nossa idoneidade e seriedade como tratamos os assuntos.
Esta entrevista vamos encaminhar também para ser analisada e talvez publicada nas revistas dos clubes brasileiros.
Professor isso seria de grande valia para nós aqui do Brasil que passaríamos a conhecer melhor o pai do Arlequim e também para a melhor divulgação deste maravilhoso canário.
Aguardo a sua resposta. Se for sim desde já começo a agradecer, se for não agradeço da mesma forma.
Meus melhores cumprimentos ao Professor Armando Moreno.
Atenciosamente: Bento.
Caro Amigo Senhor Bento
Não posso deixar passar a oportunidade de me congratular com a V/ decisão de me contactarem, bem assim pelo interesse que o Arlequim vem despertando entre os criadores brasileiros. Como muito bem assinala, é indispensável dar a conhecer a raça e as suas características a todo o Mundo e, claro entre os nossos irmãos brasileiros.
Bem haja. Passo, por isso, a responder às questões levantadas:
Nação – Gostaria que o Sr, se apresentasse e descrevesse a sua formação.
A M – Sou natural do Porto, e completei 78 anos em Dezembro. Casado com uma mulher que me incentiva, Maria Guinot, que foi galardoada com o Prémio da Eurovisão da Canção. Sou Professor Catedrático de Medicina, tenho também o curso de Literatura da Faculdade de Letras de Lisboa. Os meus trabalhos vêm referidos em Enciclopédias internacionais, nomeadamente no Who´s Who. Tenho publicado, além de cerca de 100 trabalhos de investigação, vários romances, contos, peças de teatro etc, alguns premiados. Amo tudo o que é a Natureza. No que refere à Ornitofilia, tenho publicado muitos artigos em revistas nacionais e estrangeiras.
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(ao centro o Prof. Armando moreno, a direita sua esposa e a esquerda Mario Costa presidente do CCAP)
Nação – A sua família apoiou-o quando iniciou e se dedicou a criação do canário Arlequim?
A M – A minha mulher é uma entusiasta e acompanhou-me sempre a todas as exposições, enquanto podia. Ela é criadora de catatuas.
Nação – Quais canários o Senhor criou antes do Arlequim? O Sr. os cria até hoje, ou não?
A M – Desde muito jovem dediquei-me à criação do canário do Harz, tendo sido campeão durante muitos anos. Devo afirmar que esta criação constitui o melhor elemento de formação para selecção de canários visto que exige um controle exacto das linhas de selecção. Isto porque as fêmeas, como não cantam, têm de ser seleccionadas a partir das linhas de criação. Sem este tirocínio na criação do canário do Harz, não teria sido possível firmar o raça do Arlequim. Actualmente já não crio Harzes por dois motivos: o primeiro é que me convenci de que não cantam, mas choram por se verem limitados a um espaço tão apertado, quando têm asas para voar. O segundo motivo é que, quem se dedica ao Harz não pode ter outras raças de canto variado, sob pena de estragar o canto Harz. Existe um terceiro motivo: é que estou apaixonado pelo Arlequim.
Nação – Gostaria de lhe perguntar, sendo você o pai e criador do Arlequim Português como surgiu a ideia de se fazer um canário destes. Surgiu do acaso ou em Portugal já existia um canário com a base para se originar o Arlequim?
A M – O acaso não entrou nesta criação. Comecei a pensar que, sendo os portugueses os introdutores do canário na Europa, a partir dos Açores, Madeira e das Ilhas Canárias que, na época, eram portuguesas, não fazia sentido que não houvesse uma raça portuguesa quando os espanhóis, os franceses, os ingleses, os belgas, os italianos, os japoneses, os holandeses seleccionaram as suas raças. Daí, para que o canário português fosse genuíno, procurei nas feiras o canário rústico e foi a partir destes exemplares que iniciei a sua criação, através de uma selecção apertada e cruzamentos indicados. Note-se que este canário rústico já hoje quase desapareceu das feiras. Logo de início, desenhei a ave que eu pretendia obter, desenho que hoje corre Mundo, incluindo a publicação das Nouvelles da COM de 2010.
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(Arlequim Português)
Nação – Quantos anos se passaram desde o início do Arlequim até agora?
A M – Como acima afirmo, só ao cabo de dez anos de selecções apresentei a ave ao público. Iniciei o estudo e selecção no ano de 1986.
Nação – Pensou em desistir durante esses anos?
A M – Sempre estive consciente de que estava a fazer um trabalho persistente, seguro, com objectivo bem definido e no intuito de obter uma ave excepcional. Nos primeiros anos em que trabalhei, pensava que, se os criadores não viessem a gostar da ave, pelo menos eu gostava. Assim, continuei e, afinal, sem surpresa mas com júbilo, pude concluir que o Arlequim conquistou os criadores pela sua beleza.
Nação – Conte-nos algumas situações curiosas que se passaram durante estes anos?
A M – Como todos os criadores sabem, a situação que mais nos entusiasma na canaricultura é a criação. Quando iniciei os cruzamentos, como é natural, embora esperançado nos resultados, mantinha aquela chama de ansiedade que sempre nos assalta quando fazemos algo de novo. Daí que, ao ver os primeiros pássaros, apenas adiei o meu entusiasmo porque, como é sabido, o Arlequim só surge na sua beleza depois da muda. Cada dia, depois de separadas as aves, ficava a olhar para elas à espera dos resultados finais. Foi em finais de Setembro desse ano que me deslumbrei com os novos canários.
Nação – Quais a dificuldades e preconceitos foram superados para a criação de uma nova raça de canários, o Arlequim?
A M – Como é sabido há sempre quem se oponha às novidades. Entre nós, os criadores de raças de cor fizeram resistência mas acabaram por dar a mão à palmatória. As pessoas têm de compreender que o canário e suas raças não é pertença de um grupo mas da comunidade.
Nação – Qual o ponto do standard do Arlequim que é mais difícil de alcançar ou de obter com perfeição?
A M – Do meu ponto de vista é a poupa. Isto porque muitos criadores não pensam que o Arlequim Par é tão importante para obter boas poupas como o Arlequim Poupa. Como é sabido, as poupas dos Glosteres e do Crest derivam de poupas mais pequenas, como o Lancashire e o Poupa Alemão. Mas os criadores ingleses cruzaram estas aves com pássaros mais redondos, os Borderes e o Five Fancy, obtendo as poupas redondas. Ora, se queremos melhorar a poupa do Arlequim, com a forma triangular, temos de cultivar Arlequins Par com a cabeça larga atrás e estreita afrente.
Outro ponto importante é que só devem ser admitidas a concurso aves que tenham todas as cores, nomeadamente o branco, embora possam ser utilizadas para criação, aves com predomínio de outras cores. O Arlequim é um canário de base mosaico e, portanto, tem o vermelho só nos locais eleitos, isto é, a face, os encontros das asas, um pouco na rabadilha e um pouco no peito, sendo a máscara maior no macho do que na Fêmea. Aves com vermelho fora destes locais devem ser retiradas das criações e dos concursos.
Nação – Ainda em relação ao standard do Arlequim lá diz que as patas preferencialmente devem ser variegadas, mas não diz nada em relação às unhas. Elas também devem ser variegadas?
A M – Quando dei o nome ao Arlequim escolhi-o devido à variedade de cores, semelhante à figura de Carnaval que se veste de muitas cores, o arlequim. O que se pretende é que a ave seja o mais variegada possível, portanto com patas, poupa, unhas variegadas.
Nação – O Arlequim foi reconhecido e homologado recentemente. O que os clubes e os criadores portugueses estão fazendo ou vão fazer para divulgar mundialmente o Arlequim?
A M – A divulgação do Arlequim é feita durante as exposições, nas revistas que se interessam pelo canário, como é o vosso caso, e pelos criadores. Cabe, ainda, ao Clube do Canário Arlequim Português uma fatia importante de responsabilidade neste sector. Não devo interferir na sua acção, por respeito ao seu Director. Penso, no entanto, que seria interessante nomear representantes do Clube no Brasil a fim de se obter uma maior divulgação. Porque não se candidatam?
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(Prof. Armando Moreno recebendo uma placa do Presidente Mario Costa).
Nação – Na sua opinião o que poderia ou vai ser feito para divulgar o Arlequim mundialmente?
A M – Como é sabido, há sempre quem não respeite o standard de uma nova raça. O Arlequim corre esse perigo. Se, por um lado, é bom que exemplares sejam enviados para todo o Mundo, por outro lado é necessário que esses exemplares sejam de grande gabarito e vão parar a mãos que os estimem e criem aves que correspondam ao standard da raça. Ora não há leis nem regras para obter este resultado que não seja a honestidade e o amor à raça por parte dos criadores.
Nação – Como você vê a ornitologia portuguesa hoje?
A M – Nos meus setenta e oito anos de existência e quase os mesmos de criações, a ornitologia portuguesa já passou por muitas fases. De início, por volta dos anos 40 do século XX, prevaleciam os que nós chamamos de passarinheiros, pessoas que só se dedicavam a apanhar pássaros. Depois passámos para uma fase de criações de aves ditas domésticas, como o canário, o diamante de Gould, entre muitos outros. Actualmente, vivemos uma fase boa, em que os criadores seleccionam as suas aves de acordo com os standards. As exposições e os concursos incidem, especialmente sobre canários, embora se esteja a desenvolver a classe dos exóticos que, a cada exposição, aparecem em maior número.
Nação – Se fosse convidado a vir ao Brasil fazer uma divulgação do Arlequim o Sr. faria esta visita?
A M – Infelizmente, a minha mulher sofreu um AVC e não está em condições de eu a levar comigo e, naturalmente, muito menos a abandono. De qualquer modo, agradeço o convite, do fundo do coração.
Nação – Quais as principais dicas que você dá para quem quer iniciar uma criação com o Arlequim?
A M – A primeira é de que deve aprender muito bem as características do Arlequim. A segunda é que, com base nestes conhecimentos, deve adquirir exemplares autênticos, junto de bons criadores. Como em tudo, há muito quem se entretenha a estragar o trabalho dos outros. Em terceiro lugar é que deve fazer as suas próprias linhas de criação, evitando, a cada ano, introduzir sangue novo que só deve ser feito com muito cuidado. Acrescento que deve acasalar aves mais escuras com aves mais claras. Enfim, só a experiência e um trabalho cuidadoso, que eu próprio continuo a fazer, se podem obter exemplares campeões.
Nação – Obrigado mais uma vez por sua disponibilidade e amabilidade de nos conceder e aceitar esta entrevista
A M – Há um ditado português que diz: quem os meus filhos beija, minha boca adoça. Ora, como se diz em Portugal e vocês fazem eco, consideram-me o pai do Arlequim. Daí que não tenho como agradecer, por mim, pelo Arlequim e pela Canaricultura. Afinal, estamos irmanados no mesmo amor pelas aves. Bem hajam.
A Moreno
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(a direita Prof. Armando Moreno, no centro Armindo Tavares, a esquerda Mario Costa).
Agradeço em meu nome e em nome do forum ao Prof. Armando Moreno por ter nos concedido a entrevista.
Agradeço também ao presidente do CCAP Mario costa por ter nos ajudado a conseguir a entrevista e creio que brevemente
tentaremos uma entrevista com ele proprio.
Agradeço também ao meu amigo Armindo Tavares pelas fotos cedidas e por conduzir a entrevista ao Prof. Armando Moreno
e principalmente por acreditar no que estou tentando fazer em nome da ornitologia e tambem para divulgar o nome do
canario Arlequim Portugues aqui no Brasil. Gostaria tambem de salientar que sem pessoas como o Armindo,
que fazem um trabalho fantástico de divulgação mundial com seu site o canario Arlequim talvez não seria assim tão conhecido.
São poucas pessoas que fazem ou teêm este trabalho de divulgar, então cabe tambem prestar um agradecimento especial a eles.
Armindo, receba meus cumprimentos pelo referido acima.
att: bento
Última edição por MARTÍN em Qua 09 Set 2015, 19:49, editado 6 vez(es)
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