A FARRA DAS MUTAÇÕES? NÃO É BEM ASSIM...

Foto Paulo César Löf

Confesso que me segurei pra não escrever isso, mas a coisa tá demais! Todo dia postagens e mais postagens dos novos "Vermelhos de asa branca", "Mognos", entre outros.
Pois bem, e por quê a minha indignação? Porque simplesmente esses canários não existem dessa maneira que se propagandeia! Esse texto, creio, serve aos iniciantes e desavisados, principalmente, para evitar que criem expectativas irreais.

No Brasil (e em todo o Hemisfério Sul) os canários vermelhos e amarelos são julgados com as asas e cauda (rabo) totalmente coloridos, isto é, vermelhos ou amarelos, conforme a sua cor, e quanto mais homogênea e distribuída for a sua cor, melhor e mais valioso, demonstrando que houve anos e anos de seleção. Mas agora, devido à nova maneira de colorir os vermelhos mosaicos, alguns criadores deixaram de colorir seus vermelhos intensos e nevados, seja porque nasceram junto com os mosaicos, ou por qualquer outro motivo, e esses nasceram com as penas sem colorir, e, se a alimentação para mosaicos foi adequada, nascerão com todas as penas do corpo muito claras ou até brancas, e como mudarão só as do corpo e não as longas (asa e cauda), ficarão com as tais ASAS BRANCAS. Pois bem, isso não é vantagem nenhuma e nem seleção, somente manejo alimentar, sendo que quando as suas penas caírem, nascerão coloridas de vermelho. Aliás, é motivo de desclassificação se for apresentado assim em concurso.

Mas o que fizeram então, alguns criadores? Lançaram aos desavisados uma enorme propaganda dizendo que são "vermelhos de asas brancas", quando na verdade, não são! Nas fotos anexas pode-se ver como exemplo disso 5 filhotes da minha criação com 40 dias, separados hoje dos pais. Parecem brancos, não é? Mas desses cinco, dois são vermelhos marfins mosaicos, um é vermelho mosaico e dois são filhos de vermelhos intensos-nevados. Você conseguiria identificar quais são? Eu confesso que não, mesmo criando há mais de 20 anos e julgando inúmeros campeonatos na minha carreira de juiz. Só vendo pelo número da anilha. Os pais de todos consumiam somente ração extrusada e farinhada Branca da BioSuprem. Ou seja: não tem nada de 'seleção" ou 'mutação' de asa branca, somente forma de alimentar. Na outra foto, um vermelho marfim intenso que foi criado pelos vermelhos mosaicos ano passado, e depois perdeu só parte das penas, que, logicamente, cresceram vermelhas.

No caso dos "mognos" é um pouco diferente: o mogno surgiu da resistência dos criadores e juízes europeus em reconhecerem como evolução os nossos canelas, azuis, verdes e cobres opalinos. Alguns criadores italianos tiveram acesso a esses pássaros, reproduziram e tentaram vender ao mundo a nova mutação "quartzo", pois esses pássaros são muito diferentes dos antigos opalinos que aqui havia antes desses novos surgirem (em torno de 2000) e que seguem sendo padrão na Europa. Pois bem, então, diante desse impasse, a FOB/OBJO, num lance de extrema inteligência, se posicionou: consultou se seria uma evolução dos opalinos, pedindo que fosse reconhecido como o novo padrão internacional de opalinos. Foi negado, a COM (Confederação Ornitológica Mundial) disse que não eram opalinos. Então, se não são opalinos, disse a FOB/OBJO, é uma mutação, e é uma mutação BRASILEIRA, porque aqui surgiram e foram selecionados. Fez-se um dossiê e se apresentou à COM como uma nova mutação, dando-se o nome de Mogno. Assim, os pássaros que hoje chamamos de opalinos serão chamados de MOGNO após as fases formais de reconhecimento pela COM. Ou seja, todos os MOGNOS são hoje nossos OPALINOS!
Dentro de 2-3 anos, serão expostos com o novo nome, mas seguirão sendo hoje os mesmos pássaros que se cria e expõe hoje como Opalinos, e que todos conhecem.

Espero ter ajudado com um pouco de informação, para evitar que se invista sem resultados.
E um último conselho: na dúvida, consulte um bom clube, um bom criador ou um Juiz ornitológico. É o mais barato!

Artigo escrito por
Paulo César Löf