Lendas na Criação de Canários e outros pássaros.

O canário campainha realmente parece lenda, mas existiu, e quando era mais jovem ouvi muitos deles cantar. Principalmente os famosos salsas e pintados, que cantavam até perder o fôlego.

Já tinha ouvido várias histórias sobre este canário, mas nunca eram muito convincentes e contadas por pessoas com autoridade no assunto. Até que um dia conversando sobre canários na casa do meu amigo Sr. José Fusari (juiz OBJO, falecido ha uns três anos) puxei o assunto do tão falado canário campainha; Ele fez aquela cara de carcamano vechio e brincou comigo...porque... agora você está querendo criar esses bichos? Eu disse não, de jeito nenhum...mas eu gostaria de conhecer a verdadeira história desse tal canário.

Ele deu aquela risada marota e disse: Aqueles canários era mistura de canário de canto timbrado espanhol, roller de má qualidade e pé duros, deixava a gente quase surdo rsrsrs.

 

O negócio foi assim, na década de cinquenta alguns criadores de harzer roller, inclusive o próprio Fusari, adquiriram alguns timbrados espanhol para criar, e espalharam esses canários entre os criadores da época, mas como eles cantavam muito alto, o pessoal não gostou; então pararam de criar e venderem para quem quisesse comprar, espalhando para vários lugares do país; Como quem adquiriu estes timbrados espanhol não eram criadores que participavam de concurso, eles acasalaram esses canários com os mestiços que tinham em casa e desta mistura surgiu o canário campainha, um pássaro extremamente rústico, que não exigia maiores cuidados e cantava muito.

Este canário ganhou este nome porque tinha no seu canto praticamente duas notas principais e muito longas, que eram duas campainhas formadas pelas consoantes L e a vogal I, e outra com a consoante R e a vogal I mais alguns floreios herdados do timbrado espanhol, ficando com um canto mais ou menos assim: Li Lii Liii Liiii Liiiii Liiiiii Liiiiiii piau piau piau ri riii riiii riiiii riiiii riiiiiiii piau piau piau Li Liii Liiii......emitindo esse canto em tom  muito alto, agudo e vigoroso, enquanto se exibia dançando no poleiro.

Não era canário para se ouvir em ambiente fechado, normalmente o pessoal pendurava do lado de fora, no beiral da casa e apreciava o seu canto enquanto se ocupava nos afazeres diários.

Este canário, com seu modo peculiar de cantar, desapareceu porque os cruzamentos que se seguiram não incluiu mais o timbrado espanhol, assim o canto foi ganhando outra forma e ficando igual a dos demais canários de cor.

Este ano vou ver se isto é verdade, como tenho o timbrado espanhol (canto intermediário) e nasceram mais machos do que fêmeas, vou acasalar um macho timbrado com uma fêmea Harzer e uma de cor, para ver o resultado.

Ano que vem a gente sabe se a história do meu amigo é verdadeira rsrs.

Mais uma lenda rsrsrs....