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Identificando doenças no criadouro

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Mensagem por UNIVERSO DOS CANÁRIOS Qui 04 Jul 2013, 22:37

As aves, de um modo geral, possuem um metabolismo muito acelerado em relação aos mamíferos, e isso representa um ponto de grande atenção no que diz respeito à identificação e tratamento de doenças no criadouro. Devido a esse metabolismo acelerado, as doenças atingem grandes proporções sem pequeno espaço de tempo e se o criador não estiver atento a quaisquer alterações, diariamente, pode perder a ave ou até mesmo todo o plantel.

Existem várias condições internas e externas ao criadouro que podem favorecer a instalação de doenças, como, sujeira, poeira, excesso de umidade, superpopulação, luminosidade descontrolada, má nutrição, parasitismo interno ou externo, uso inconsequente de antibiótico, correntes de vento, introdução de aves doentes, etc.

Identificar doenças nas aves não é uma tarefa fácil pois muitas apresentam sintomas parecidos e muitas vezes determinam um quadro geral totalmente inespecífico; assim vamos fornecer algumas dicas para que o criador saiba o que observar em seu plantel, orientando corretamente o veterinário no fechamento do diagnóstico.

Afecções Respiratórias

São as de maior importância pelo fato de as aves possuirem sacos aéreos, que são "extensões" dos pulmões por todo o corpo. Este vasto aparelho respiratório, quando agredido, compromete toda a ave em muito pouco tempo, e por vezes irreversivelmente.

Podemos dividir o trato respiratório em duas partes (superior e inferior) e atribuir às duas alguns sintomas mais comuns apesar de poder ocorrer tudo ao mesmo tempo.

Trato Superior: Corrimento nasal, sinusites com inflamação ao redor dos olhos, coriza (espirros).

Trato Inferior: rouquidão, perda da voz, ruídos respiratórios, movimentação da cauda ao respirar.

São inúmeros os agentes que podem acometer o sistema respiratório (bactérias, vírus, fungos, ácaros) sendo necessário coleta de material (saliva, fezes, ovos, aves para necrópsia) para identificação e tratamento correto do problema.

Um agente muito comum em criadouros é o ácaro de traquéia que provoca sintomas bem específicos como esfregar o bico no poleiro, fazer movimentos de vai e vem como pescoço e rouquidão.

Estes problemas são os mais difíceis de serem tratados pois cronificam-se muito rapidamente e são resistentes a inúmeras terapias.

Enterites

Provocam, entre outros sintomas, as famosas diarréias, que são pesadelos para inúmeros criadores.

Antes é preciso que se esclareça a diferença entre diarréia e poliúria (excesso de urina). A diarréia é identificada por fezes amolecidas e geralmente, com cor e odor diferentes do normal. A poliúria caracteriza-se por uma grande quantidade de líquido nas fezes, que por sua vez estão íntegras (cor, odor e formas normais), ou seja, é aquela "roda d’água" que fica no jornal da gaiola e que muitas vezes é transitória (stress, consumo de verduras) ou pode acusar problemas renais.

Enterites bacterianas: (E.coli, Salmonella, Shigella) provocam alteração do estado geral das aves, fezes fétidas, hemorrágicas, escurecidas, ou muito claras, além de alta mortalidade de filhotes na primeira semana de vida. Os agentes podem ser primários ou manifestarem-se secundariamente a outras afecções, sendo o diagnóstico laboratorial (exame de fezes) e o tratamento altamente específico (grande resistência a antibióticos).

Enterites Virais: acontecem mais raramente nas criações, mas podem se tornar altamente letais quando entram em secundariamente a outras afecções que podem fragilisar o sistema imune da ave (Newcastle, Varíola, etc). Os sistemas podem ser os mais variados e o melhor remédio é a prevenção com uma boa nutrição e uma desinfecção correta.

Enterites Parasitárias: provocadas por vermes como helmintos e outros. Podem provocar enfraquecimento rápido, caquexia e morte; ou ainda obstrução do trato intestinal deixando a ave como abdômen distendido e sem conseguir defecar. Vermifugações regulares devem afastar estes problemas do seu criadouro.

Enterites por protozoários: são as famosas coccídioses que atormentam criadores, principalmente de pintassilgos. As aves desenvolvem uma diarréia que pode ser mucosa, catarral ou hemorrágica, dependendo do agente, seguida de perda de apetite, anemia profunda e morte. São de difícil tratamento sendo necessário, as vezes associação de medicamentos.

Enterites Tóxicas: provocada por alimentos contaminados por toxinas (fungos, bolores e agrotóxicos). Provocam mortalidade em massa e mesmo após identificação e eliminação do problema, os sintomas persistem por algum tempo. Cuidado na compra de sementes e também no seu armazenamento!

Pele e Plumagem

Uma das características mais peculiares da ave é a plumagem que recobre todo o corpo servindo de barreira contra agentes químicos, físicos e também como isolante térmico. Por isso, alterações da plumagem, além de depreciar a ave, podem facilitar a instalação de doenças de todos os tipos.

Entre as principais afecções estão: mudas irregulares e constantes devido a luminosidade inadequada ou carências nutricionais; canibalismo por deficiência nutricional, distúrbios hormonais e ainda, os mais conhecidos ácaros (piolho, carrapato, sarna).

No caso dos ácaros pode-se notar prurido, perda de pena e inquietação, gerando stress e podendo deprimir o sistema imune das aves. A administração de acaricidas e a vigilância sistemática devem resolver o problema.

Cistos de pena ou "bola" dos canários: estes tem origem genética ligada algumas cores de canário, sendo necessário extração cirúrgica; porém algumas pesquisas estão conseguindo relacionar o aparecimento de cistos em canários de cores livres de predisposição genética à infestação por ácaros.

Em qualquer dos casos é de extrema importância que se faça a higiene das penas com banhos regulares, banhos de sol e nutrição adequada.

Reprodução

Cistos ovarianos e tumores de oviduto: são problemas que tem predisposição em algumas espécies, como os canários, eliminando a fêmea da reprodução.

Retenção de ovo: devido a ovos de tamanho avantajado e ou deficiência nutricional; a terapia é a retirada mecânica ou cirúrgica se necessário.

Prolapso de oviduto: consequência de retenção de ovo ou deficiência nutricional (cálcio e fósforo).

Inflamação do oviduto ou salpingite: resultante de coito ou tratamento inadequado de prolapso ou retenção. Os sintomas são: dificuldade respiratória, distenção abdominal, diarréia ou constipação.

Esterilidade dos machos: relacionada a deficiência nutricional ou tumores de testículo.

Prevenção

A saúde do plantel depende em grande parte do manejo e dos cuidados com o criadouro. A limpeza correta, evitando levantar nuvens de poeira ao varrer o chão, desinfecção periódica com desinfetantes próprios, sprays acaricidas, observação diária de aves doentes e isolamento das mesmas, e a visita regular do veterinário para a coleta de fezes, exame de aves doentes e de orientação nutricional são medidas básicas para manutenção do bem estar.

A luminosidade adequada com um mínimo de 8 horas de escuro diárias para descanso das aves e um posicionamento adequado do criadouro para evitar correntes de vento também contribuem para a saúde das aves.

A quarentena, a enfermaria (isolamento) e o uso correto de medicamentos são essenciais para que problemas gravíssimos não venham a ocorrer e tornar-se insolúveis.

O fornecimento de informações corretas ao veterinário é de fundamental importância para o direcionamento do diagnóstico e prescrição de tratamento adequado. Medicamentos podem mascarar os sintomas da doença sem curá-la, por isso, qualquer atitude deve ser cuidadosamente orientada. E lembre-se que é muito melhor prevenir do que remediar.

Fonte:
Rodrigo Silva Miguel
médico veterinário (CRMV SP 10.552)
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