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Amas Secas, quando, como e porque usar?

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Mensagem por MARTÍN Qui 29 Ago 2013, 11:37

Quando, como e porque usar?

Sensibilidade e tecnologia. Estes são sem duvida os dois grandes ingredientes que levam um criador ao sucesso.  

Considerando que a nossa atividade é uma arte, resulta extremamente importante aplicarmos todo o nosso conhecimento junto com uma sensibilidade, para na hora de escolhermos os nossos reprodutores e formarmos os casais, conseguirmos o maior proveito possível do material genético disponível, de tal forma que o produto final seja filhotes de excelente qualidade, a tal ponto de se destacarem na hora dos concursos.

Devemos aliar a nossa sensibilidade, um máximo de tecnologia, no manejo, instalações, alimentação, etc. de forma a que possamos obter também sucesso na produção e cuidado dos filhotes.  

No campo tecnológico em todas as áreas da zootécnica ocorre avanços verdadeiramente expressivos no que a reprodução se refere. Uma descoberta por todos conhecida de extremo valor, é a inseminação artificial, que permite multiplicar incrivelmente a prole de certos exemplares machos de alto valor genético. Desta forma consegue-se multiplicar muito velozmente as qualidades de um exemplar excepcional. Nós criadores de pássaros ainda não dispomos de  técnicas que permitam essa pratica, mas em várias espécies podemos utilizar a poligamia com os melhores machos, de forma a obtermos maior quantidade de filhotes dos melhores machos dos nossos planteis.  

 Uma descoberta mais recente mas não menos interessante, é a transferência embrionária, que  consiste resumidamente em estimular a ovulação de fêmeas de alto padrão, fecundar esses ovos e transferir os embriões para "amas-secas" de inferior qualidade que terão como única tarefa de criar esses filhotes de alto padrão. Desta forma, multiplica-se de maneira significativa o número descendentes de fêmeas excepcionais.  

 Esta tecnologia representa uma ovulação impressionante na qualidade de planteis, chegando a resultados surpreendentes num período de tempo muito reduzido.  

   Existe na ornitologia um exemplo típico desta prática, que é a cria do Diamante de Gold, utilizando Manons como "amas-secas".  
 Em canaricultura, o uso de amas secas permite, da mesma forma, que a possamos obter maior número de ninhadas daquelas fêmeas que mais nos interessam, desde que se utilizem uma manejo adequado e cuidadoso.

COMO FAZER UM PLANTEL DE "AMAS-SECAS"

       As "amas-secas" devem ser fêmeas de excelente desempenho como criadeiras, independentemente da sua beleza. Como isto é recomendável que formemos um verdadeiro plantel com as mesmas, no qual o único critério será o comportamento reprodutivo. Quando avaliamos o comportamento reprodutivo das amas-secas, não nos referimos unicamente ao fato de alimentarem bem os filhotes, mas também a ausência de qualquer desvio comportamental.  
Desta forma serão eliminadas as fêmeas que rejeitem o anel, ou arranquem as penas dos filhotes, etc.  

Em nosso canaril, iniciamos a experiência a três anos atrás, com cinco fêmeas sem raças definidas, filhas de um casal de excepcional qualidade reprodutora, que nos foram presenteados por um criador amigo. Logo no primeiro ano eles tiveram um desempenho formidável como criadeiras e  das duas melhores, obtivemos filhotes para aumentar o número de amas-secas para o ano seguinte. Desta forma, temos sucessivamente aumentado o número de fêmeas sempre tirando filhotes das melhores "tratadeiras". Resulta extremamente importante quando tiramos filhotes de amas-secas, que utilizemos machos filhos de fêmeas excepcionais criadeiras, para passar para os filhos essas qualidades.  

O MANEJO

Diferentes de outras espécies ( Diamante de Gold, por exemplo ), no caso específico da cria de canários, temos observado que certos cuidados devem ser tomados, principalmente no que se refere a evitar o desgaste das fêmeas cujos ovos são retirados para provocar uma nova postura.  
Quando esta prática é aplicada com freqüência com a mesma fêmea, ela muitas vezes se mostra desgastada, diminuindo o número de ovos das posturas ou demorando muito para iniciar uma nova postura. Desta forma, quando retiramos os ovos de uma ninhada, deixamos que ela mesmo crie os filhotes da próxima, para retirar os ovos da seguinte e assim sucessivamente.  
 Desta forma, consideramos que um número excessivo de amas secas, seja contraproducente,  diminuindo a produção em termos quantitativos.  
  Considerando um número razoável de amas secas pode oscilar o 10% do total das fêmeas utilizadas.  
O manejo propriamente dito é muito simples. Controlamos a fertilidade das aves com 10 dias de choco, e transferimos os ovos cheios das fêmeas de maior interesse nesse mesmo dia, retirando o ninho para que ela "perca o choco", e recolhendo o mesmo, em dois dias, para reiniciar a postura.  

OUTRAS VANTAGENS

 Além da possibilidade de obtermos maior prole mais numerosa de melhores fêmeas do nosso plantel, consideramos que as amas secas, por serem relacionadas pela sua qualidade para tratar os filhotes, nos oferecem garantia de sucesso no desenvolvimento dos filhos das nossas melhores reprodutoras.  

Por outro lado, também utilizando as "amas-secas" para testar a fertilidade dos machos do plantel que oferecem dúvidas. Assim, quando, um macho de qualidade não "enche ovos" numa ninhada, colocamos o mesmo com uma ama-seca para testar novamente a sua fertilidade, sem riscos. Quando o mesmo começa a fecundar ovos, ele é reintroduzido no plantel.  

 O tema é interessante, alguns aprovam esta pratica e outros não. Nós tentamos, aprovamos e esperamos ter contribuindo para que você tire suas próprias conclusões. Boa Sorte !!!


Fonte: Alvaro Blasina
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Amas Secas, quando, como e porque usar? Empty Re: Amas Secas, quando, como e porque usar?

Mensagem por José Carlos Pereira Ter 01 Out 2013, 20:05

Martin.
Esperava o UP desse assunto para tocar um pouco no imprinting. A marca da espécie feita no filhote durante os primeiros tempos de vida.
O uso de amas nos criatórios para cor é positivo porque o temperamento fica um pouco de lado. Agora, para pássaros para fibra, como alguns silvestres (canários-da-terra e trinca-ferros, por exemplo) e também canto é mais a se estudar.
Imprintar o filhote somente pela mãe foge ao natural onde o imprinting depende de mãe e pai. E deixar os filhotes ser imprintados por amas é duvidoso em relação a seleção de comportamentos.
Certa vez um amigo me questionou, e com razão: -Como você faz se as suas fêmeas de pastor alemão criam os filhotes sozinhas porque os pais geralmente são  machos até do exterior?  Eureka. O problema é contornado da seguinte forma. No temperamento do pastor se procura controle emocional diante de estresses, agressividade controlada e dureza de caráter. Primeiramente, somente usar fêmeas com esses predicados e cujos ancestrais também os tenham. Selecionadérrimas. Nos pássaros para fibra o mesmo critério. E, para canto, somente usar fêmeas vindas de famílias de ótimos cantores e botar os bichinhos o mais cedo possível para ouvir o canto espécie específico.
Enfim, criação não é só uma arte. Também é, mas depende muito do conhecimento genético e de manejo do criador. Estudo, enfim.
Anexo um trecho de um trabalho que fiz sobre canto das aves.
José Carlos.
 
O aprendizado realiza-se numa base geneticamente determinada e dentro de um período biologicamente adequado. Todo o processo envolvendo herança genética e meio ambiente resultará na seleção natural, determinando o reconhecimento dos parentes com o propósito final do convívio social e da reprodução.
Claro que qualquer criador de animais, inclusive pássaros, deve sempre ter em mente que somente conseguirá êxito seguindo esses ensinamentos: genética controlada e meio ambiente adequado. Enfim, manejo, manejo e manejo. É essencial saber que, por suas condições instintivas, tudo que for marcado (imprinted) no cérebro do filhote o será por toda a vida. Se quiser ter um pássaro de boa qualidade o criador deverá estar atento para propiciar ao filhote, na idade do imprinting, as condições para a marcação das qualidades para as quais dirige a sua seleção. Aí está a importância da matriz, pilar básico do imprinting por estar mais tempo ao lado do filhote durante uma boa parte do período da marcação, principalmente para quem cria em sistema de poligamia. Devemos levar em conta que a poligamia, mesmo com todas as vantagens que possa trazer, é método, na maioria das vezes, antinatural, pois, na Natureza, pai e mãe estão presentes no imprinting da ninhada. Ao adotarmos a poligamia devemos adotar condutas de manejo para tentar compensar a falta do pai nos primeiros dias de vida dos filhotes. O primeiro passo terá que ser o uso de fêmeas com genética e comportamentos positivos para as qualidades a ser selecionadas.
Na Natureza, os primeiros atos do imprinting comportamental visa a sobrevivência dos filhotes (instinto de sobrevivência), reconhecendo os seus pais com a finalidade de defesa contra ataque de predadores; cria-se uma ligação social muito forte com os irmãos e pais. A esse tipo de imprinting alguns autores chamam de filial. Ao mesmo tempo o filhote vai aprendendo as características dos irmãos, criando condições que influenciarão as suas preferências nos acasalamentos quando adultos. Essas duas formas de imprinting podem ocorrer ao mesmo tempo ou manter um intervalo bem demarcado entre elas. Parece que nos pássaros o imprinting é mais raro e menos desenvolvido do que em outras aves; o seu cérebro desenvolve-se mais lentamente, demorando meses para tornar-se mais alerta, ativo e totalmente operacional e o processo de ligação mãe-filho faz-se de maneira mais lenta, portanto, usando outros processos que não o imprinting. Aí, amigos, a necessidade de maior paciência com os nossos pássaros, evitando levá-los muito cedo a situações para as quais não estão preparados neurologicamente. Cuidado, muito cuidado mesmo com os pardinhos, pois a ansiedade para levá-los aos torneios, às badernas ou mesmo demonstrações para amigos pode levar a resultados desastrosos.
A digressãozinha de praxe. O que torna um pássaro de uma ninhada ou mesmo de um grupo de pássaros de várias ninhadas a ser o cara dos torneios se tiveram a mesma herança genética e foram manejados da mesma maneira? Como no imprinting, teria o campeão de torneios uma impressão digital cerebral muito particular? Teorias já existem para tentar explicar isso. Não poderia passar em branco a participação de dois brasileiros, ainda bem jovens, nesses estudos: Alysson Muotri, agora trabalhando nos States, e Stevens Rehen, da produtiva Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mostraram que cada célula nervosa  é tão diferente dos outros neurônios que parece ter genoma muito próprio. O fulcro desses estudos é a chamada retrotransposição, ou seja, alguns pedaços do DNA fazem cópias de si mesmos  como se fossem um xerox genético. Eles ficam saltando pelo genoma das células cerebrais; conforme pulam, esses chamados por eles DNA cangurus alteram a expressão gênica fazendo com que alguns genes se expressem mais ou menos em relação ao considerado normal e permitindo a diferenciação do neurônio de maneira que tenha traços únicos. É a teoria dos genes saltadores. Assim, cada indivíduo teria uma marcação cerebral única, intransferível e independente de herança genética. E tudo isso, amigos do sul maravilha Lisandro e Diego, porque a expressão dos genes pode provocar um maior ou menor número de sinapses. Mais conexões sinapticas modificam sobremaneira toda a rede neurológica e podem, como ponto capital, mudar o jeito do organismo alterar o comportamento em reação aos estímulos. Embora seja teoria, cada vez vem ganhando mais adeptos de peso e poderá revolucionar os estudos neurológicos futuros e facilitar a cura de várias doenças que acometem o sistema nervoso. E nós, como ficamos nessa enrascada se essa teoria vingar? Vamos teorizar também porque não paga imposto, pelo menos por enquanto.  Como todo o processo não seria transmitido geneticamente como ficaríamos com a seleção? Entendo eu que, mesmo não sendo um processo com base herdada genética, a capacidade de um gene saltador pular mais ou menos deve ser controlada pelo ciência de Mendel, o gênio das ervilhas. Assim, numa criação selecionada para as características comportamentais que desejamos, os pulos adequados dos DNAs cangurus seriam mais freqüentes e decisivos.
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Mensagem por Francisco C. Bom Ter 01 Out 2013, 21:32

Ola José Carlos.

Muito bom  este artigo, parabéns.

abraços
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Mensagem por José Carlos Pereira Ter 01 Out 2013, 22:13

Caro Francisco.
Obrigado.
Esse tópico faz parte, como falei, de um boletim que fiz sobre canto. Como procurei esgotar o assunto, partindo da embriologia do sistema nervoso, ficou grande (quase 40 páginas). Meio maçante e interessante mais para o pessoal que cultiva canto, como os criadores de Harz, curiós e bicudos.
Assim, vou usando partes dele quando são pertinentes a qualquer assunto enfocado.
Abraço.
José Carlos
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