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EQUILÍBRIO ENTRE INTENSO E NEVADO.

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EQUILÍBRIO ENTRE INTENSO E NEVADO. Empty EQUILÍBRIO ENTRE INTENSO E NEVADO.

Mensagem por MARTÍN Seg 19 Jun 2017, 20:53

INTRODUÇÃO
Não são simples como parecem.
O fator intenso como sabemos é o alelo mutante do fator nevado.
Todos os serinus canarius em estado silvestre são nevados. O fator intenso surgiu da criação em
cativeiro em 1709.
Se todos os pássaros silvestres são nevados, por que não acontece com eles o que ocorre com os
criados em cativeiros quando o acasalamento contínuo entre nevados nos conduz, no caso extremo, aos
famigerados quistos? Simplesmente porque os pássaros silvestres possuem um patrimônio genético estável
e apesar de serem todos nevados, a estrutura de suas penas e plumas é praticamente idêntica.
O que ocorreu com os pássaros criados em cativeiro?

MUTAÇÃO DO FATOR NEVADO ORIGINAL
Na natureza a relação é sempre constante. Pássaros deficientes ou com plumagem diferente dos
normais dificilmente sobrevivem ou se isto acontecer, tem pouca chance de fixar a mutação que os tornou
diferentes.
São rejeitados, normalmente, pelos da própria espécie e tornam-se presa mais visível para os
predadores.
Imaginem um canário amarelo intenso entre seus congêneres silvestres, totalmente diferentes em
sua plumagem e com muito maior possibilidade de ser visto por seus predadores naturais!
Na criação em cativeiro, praticamente as duas causas acima citadas não interferem como na
natureza. O homem, ao contrário, valoriza cores e formas diferentes da original e procura fixá-las.
A natureza é sábia e podemos na maioria dos casos constatar as cores mais ternas das fêmeas
para protegê-las no período de choca.
Os machos, normalmente mais coloridos nos pássaros que criam em ninhos abertos, são mais
facilmente vistos por predadores apesar de sua plumagem, mais atraente, ser fundamental para atrair
também a atenção das fêmeas.
O homem, normalmente em todas suas criações de animais, quebra esse equilíbrio que existe nos
animais silvestres. A mutação denominada "intenso" surgiu em cativeiro talvez com uma reação ao
rompimento do equilíbrio existente nos nevados originais.

POR QUE O EQUILÍBRIO FOI ALTERADO?
Se verificarmos como chegamos ao pássaro lipocrômico é fácil, com os conhecimentos que hoje
dispomos, responder tal pergunta.
Antes de surgirem os pássaros totalmente isentos de melaninas começaram a aparecer em
cativeiro os que denominamos pintados.
Como sabemos também, as penas que não possuem melaninas além de serem menos rígidas
que as que as possuem, tem estrutura diferente.
A mudança de estrutura nas penas lipocrômicas, nos pintados, é fácil de se constatar e os genes
que comandam também outras características da pena além da cor, como comprimento, largura, diâmetro
das barbas e bárbulas e seu próprio comprimento foram também mudados.
Assim, o equilíbrio existente entre os pássaros silvestres no que se refere à estrutura das penas
foi rompido e passamos a ter nevados com várias estruturas de penas.
A mutação "intenso" talvez tenha surgido como uma necessidade natural dos pássaros para
minimizar a diferença entre as estruturas da pena.
Há uma interação importante entre a ação do locus "intenso - nevado" e do gene ou genes, não
sabemos ao certo, que comandam a estrutura das penas.
Considerar a ação do primeiro sem levar em consideração a ação dos outros nos parece pouco
significativo.
A ligação estreita que existe entre os dois loci foi rompida e estudá-las em conjunto nos parece a
melhor solução.

NEVADOS
Hoje sabemos que existe uma variação bastante grande entre os nevados. Esta variação se
expressa além da cor na qualidade de "névoa" aparente sobre a plumagem.
Nos pássaros de "névoa" acentuada se examinarmos suas plumas e compará-las com penas de
pássaros de "névoa" curta da mesma região da plumagem veremos que são mais largas, isto é, barbas e
bárbulas mais longas. Sendo estas mais longas, os canais internos são também mais longos e as pontas
mais finas. O lipocromo tem maior dificuldade de atingir as extremidades, daí a ausência de coloração.
Isto nos leva a imaginar que a qualidade de lipocromo disponível para depósito seja idêntica, ou
quase, em todos os pássaros. Assim, penas com barbas e bárbulas mais longas ficam com as pontas sem
lipocromo. Penas com barbas e bárbulas mais curtas nos nevados conduzem a uma névoa menor.
A utilização de pássaros de névoa curta acasalados entre si nos tem conduzido a pássaros
praticamente sem névoa, o que descaracteriza o nevado. Existem pois nevados em uma grande gama de
variações e considerá-los idênticos para fins de acasalamento é por demais simplificado.

INTENSOS
As penas de pássaros intensos deveriam se caracterizar por serem ligeiramente mais compridas e
mais estreitas, com barbas e bárbulas mais curtas e canais internos de maior diâmetro do que nos nevados.
Hoje, como nos nevados, existem intensos de uma grande gama de variações nas raças onde são
requeridas penas longas, praticamente, todos os intensos possuem alguma névoa. Há casos em que se
torna difícil definir se o pássaro é intenso ou nevado.
Afirmava-se que o fator intenso em dupla dose era letal, hoje já não há certeza quanto a tal
afirmação.
O acasalamento de intensos entre si reduz a largura das penas e as torna mais rígidas. Os
Glibbers e os Gibosos são uma prova inconteste de tal fato. O temperamento nervoso destes pássaros
mostra que o fator intenso influi em outras características, não só na estrutura das penas.
A probabilidade que os pássaros desta raça sejam de duplo fator intenso é bem acentuada.
Sabe-se que os intensos heterozigotos têm possibilidade de produzir 25% de pássaros nevados,
mas eles não aparecem nas raças citadas e a mortalidade de 25% dos embriões fica difícil de ser
sustentada.
Pode ser que em várias gerações tal fato ocorra, mas os criadores sabem dos recursos para evitar
tal situação.
Há, pois, intensos e intensos, e a única saída de se atingir a estrutura de pena ideal é analisá-la
no pássaros a acasalar. O acasalamento de pássaros nevados ou intensos entre si necessita ser analisado
com cuidado.

ACASALAMENTO INTENSO X NEVADO
Talvez no início da criação em cativeiro, após o surgimento dos intensos, pudesse ser este
acasalamento ideal para manter a estrutura de pena compatível para produzir tanto bons intensos como
nevados.
Hoje, a situação é bem diferente. Há necessidade de que se analise a estrutura da pena.
Tomemos como exemplo a raça Gloster. O acasalamento entre pássaros nevados é utilizado em larga
escala. Após algumas gerações começam a surgir os problemas. Inicialmente penas por demais largas e
moles que arruinam o contorno compacto desejável. No extremo, o surgimento de quistos onde as penas
não tem a rigidez mínima necessária para romper a pele crescendo abaixo dela.
O pássaro de penas muito moles, mesmo se acasalando a um intenso por mais compacto que
seja, jamais produzirá nevados de estrutura de pena desejada e os intensos terão as penas com barbas e
bárbulas por demais longas para expressarem as características de um bom intenso.
As remiges e retrizes serão longas e a névoa aparece muito. Tais intensos dificilmente se
prestarão para corrigir a estrutura de pena de outros nevados longos. Isto sem considerar os outros fatores
que influem na estrutura, tais como:
a) distribuição das melaninas;
b) tipo de melanina;
c) ausência de lipocromo; etc...
Assim, é necessário não considerar somente os fatores intenso e nevado para realizar
acasalamentos que conduzam aos bons resultados.
Nos frisados parisienses o desaparecimento dos chamados penas duras é outro problema a ser
enfrentado pelos criadores.
Hoje, já há intensos de penas tão longas como nos nevados, e estes são os que ganham prêmios.
O balanceamento da estrutura é fundamental para obtenção de pássaros de concurso.

CONCLUSÃO
Como podemos ver de tudo que foi escrito, na situação atual o cuidado em interpretar a ação dos
fatores intenso e nevado inteirados com os fatores que influenciam na estrutura da pena é fundamental para
se conseguir resultados satisfatórios e o maior número possível de filhotes com condições de concorrer com
sucesso em concursos.
Há pássaros que, mesmo não tendo condições para serem apresentados em concurso, possuem
estrutura de pena ideal para produzir filhotes que podem concorrer com sucesso.
Nos parisienses, um intenso de penas duras jamais ganhará um concurso entre os de sua classe,
mais é imprescindível para manter uma estrutura de penas compatível com a necessidade da raça
corrigindo as penas por demais "moles" que surjam no plantel.

Fonte: José Luiz Castro Silva
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