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Artigo - Hibridismo

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Mensagem por MARTÍN Seg 30 Nov 2015, 21:07

HIBRIDISMO


José Carlos Ferreira
STAM 848J e associado nº 50 da A.O.R.

DEFINIÇÃO

O hibridismo nas aves é, sem dúvida, uma prática corrente, secular, cultural, e as razões então encontradas para o fazer terão sido tão simples como o desconhecimento, a curiosidade ou o acaso.
A palavra híbrido deriva do latim “hybrida” que significa “descendente de um porco manso com um javali selvagem” ou “filho de um homem livre e de uma escrava”, etc. e entrou na linguagem popular no séc. XIX, se bem que já tivesse sido utilizado desde o séc.XVII..
Na mitologia são exemplos de híbridos a sereia, o centauro,  o minotauro, a harpia ou a quimera
O termo híbrido engloba os conceitos comuns:
- como o resultado do cruzamento entre duas variedades da mesma espécie, por exemplo entre duas subespécies (é o híbrido em sentido restrito);
- como o cruzamento entre duas espécies diferentes (é o conceito de mestiço ou travesso);
Ou de forma mais científica, os hibrídos podem ser:
- intra-espécie, quando entre indivíduos de sub-espécies, raças ou variedades diferentes, dentro da mesma espécie;
- inter-espécie, se os indivíduos forem de espécies do mesmo género;
- inter-género, se os indivíduos forem de géneros da mesma família;
- inter-família, de pertencem a famílias diferentes da mesma ordem; muito raro;
- com indivíduos de ordens diferentes não se conhecem híbridos

Quanto à sua capacidade reprodutiva os híbridos podem ser:
- férteis (cruzamento “Carduelis atrata” x “Carduelis cucullata” dá machos e fêmeas férteis em 100%);
- estéreis (“Carduelis atrata” x “Carduelis carduelis” dá machos e fêmeas estéreis);
- semi-férteis ou parcialmente fecundos (“Carduelis atrata” x “Carduelis spinus” dá 100% de machos férteis e 50% das fêmeas férteis) (“Carduelis atrata” x “Serinus canaria” dá machos férteis apenas em 10% e fêmeas estéreis);
As causas de esterilidade e o grau de fertilidade num híbrido dependem:
- acima de tudo do grau de proximidade filogenética das espécies; a probabilidade de ser fértil é superior num híbrido intra-espécie em oposição a um inter-género
- incompatibilidade dos cariótipos, ou seja, a diferença no número de cromossomas das espécies parenterais;
- das espécies em si (diferenças importantes entre o ph do esperma do macho e do oviduto da fêmea podem ser causa de esterilidade);
- incompatibilidade no comportamento reprodutor;
- incompatibilidade de um ou mais locus dos genes (inviabilidade e infertilidade por isolamento pós-zigótico).
- do sexo dos pais (por exemplo o cruzamento de macho Canário com fêmea Cardinalito da Venezuela dá mais descendentes férteis que o contrário);
- o sexo de um híbrido também tem influência na sua fertilidade; entre os híbridos produzidos por um cruzamento sempre que um sexo seja ausente, raro, infértil ou inviável ele é o heterogamético [lei de Haldane] (assim no caso das aves a fêmea que é  “ZW” é preferencialmente estéril, inviável ou rara);
- etc..
Esta eventual diminuição da fertilidade pode ser incrementada nas gerações sucessivas por cruzamentos retrógrados. Também, por esta variabilidade imprevisível na fertilidade, nada garante que um dado cruzamento que dê híbridos inférteis repetidas vezes, não possa vir a dar híbridos com alguma fertilidade, mesmo que limitada, em algum caso.
Em termo abstractos poder-se-ia dizer que a infertilidade do híbrido é a expressão da depressão da exogamia, isto é, a exogamia poderá levar à perda de viabilidade de uma espécie.

O hibridismo tem virtudes e vicissitudes.

O HIBRIDISMO NA NATUREZA


O hibridismo existe na natureza e constitui um paradoxo para a biologia (sempre que o hibrido seja fértil, já que contraria a definição de espécie em que os indivíduos são férteis apenas dentro da sua espécie); é mesmo considerado um precursor da especiação (processo evolutivo pelo qual se forma uma nova espécie).
Na natureza o híbrido é uma ocorrência rara e ainda assim também muito influenciada por alterações promovidas pelo homem, como a fragmentação do habitat ou a introdução de espécies alóctones. O híbrido pode manifestar-se em três formas:
        - intermediária, em que apresenta, na maioria dos caracteres, um fenótipo intermediário entre ambos os progenitores
        - combinada, onde uns caracteres do híbrido são idênticos a um progenitor enquanto outros são iguais ao outro progenitor
        - heterótica, sempre que aconteça heterose e neste caso o híbrido apresenta maior aptidão para um caracter que ambos os progenitores, por exemplo o tamanho, superior a ambos os progenitores
Os híbridos possuem três características fundamentais muito próprias:
        - a fertilidade reduzida, sobretudo nas gerações iniciais
        - a raridade; os híbridos são muito mais raros do que as espécies parenterais, por mais raras que elas sejam
        - a variabilidade; se bem que na geração F1 haja uma uniformidade no genótipo e no fenótipo, já nas gerações posteriores, por cruzamentos ou retrocruzamentos, apresentam uma variabilidade fenotípica muito superior a qualquer espécie
Na natureza a hibridação ocorre nas chamadas zonas de hibridação, que são raras, e onde as espécies divergentes parenterais convivem de alguma forma em comum, sendo que o mais usual é pelo menos uma delas ser de ocorrência rara (por isolamento reprodutor, já que normalmente uma ave tenderia a escolher preferencialmente para parceiro, outra da sua população).
Estas zonas de hibridação variam na sua forma e definem o tipo de especiação:
- especiação alopátrica ou geográfica se as duas populações estão geograficamente isoladas por uma barreira física
- especiação peripátrica semelhante à anterior mas em que as duas populações de origem não se sobrepõem em território mas em que existe uma dispersão periférica por um território isolado
- especiação simpátrica é a divergência genética de parte de uma população que se manteve no mesmo território da população original, sem necessidade de isolamento; a hibridação é rara em espécies simpátricas;
- especiação parapátrica ocorre devido a variações na frequência de acasalamento  de uma população dentro de uma área geográfica contínua não isolada; um individuo reproduz-se com os seus vizinhos em vez de ir escolher um da sua população, mais longínqua.
Em qualquer destes casos pode ocorrer uma hibridação simples em que surge um híbrido como uma mistura aleatória dos genomas parenterais (raro) ou uma hibridação introgressiva ou introgressão (mais frequente) que é o movimento ou fluxo contínuo ao longo do tempo, de um gene ou alelo de uma espécie para o acervo genético de uma outra através de repetidos retrocruzamentos. A introgressão é o que chamaríamos de transmutação natural. Qualquer destes processos evolutivos ocorre numa zona de tensão reprodutiva entre os interesses das populações de origem e os dos híbridos, com a duração de largas dezenas de anos e que limitam o sucesso do híbrido (o processo evolutivo de uma espécie demora no mínimo entre 50 a 60 gerações). Sendo um processo de evolução lento e sujeito à selecção natural, a maior parte das vezes não se completa com a formação de uma nova espécie;  o aparecimento desta é favorecido pelo chamado vigor do hibrido ou heterose que ocorre em raros híbridos; o vigor do híbrido é definido como a melhoria da aptidão no híbrido, o que no fundo traduz o oposto da depressão do híbrido (perda de robustez, de capacidade ou de viabilidade do híbrido).
É então o surgir de uma nova espécie.
O hibridismo tem virtudes.
É a evolução das espécies no seu melhor.
Na natureza a hibridação ocorre raríssimas vezes (entre 0,01 e 0,1% por geração) e, ao longo de todo o processo evolutivo, as aves, particularmente mais que outras classes, têm perdido o seu potencial de hibridação inter-espécie: apenas se reconhecem híbridos em 9% das espécies de aves, ainda que por exemplo nas aves do paraíso possa ocorrer em 43% das 42 espécies, nos tetrazes em todas as suas 4 espécies, nos patos em 76% das 21 espécies, nos Parulidae em 24% das 116 espécies, nos Paridae em 29% das 70 espécies, por exemplo.
O processo de hibridação, pela força do tempo, torna-se irreversível, tanto que, quando já não existam indivíduos puros de uma dada espécie o problema que se pode colocar é se valerá a pena o esforço intencional de recuperar essa espécie a partir de formas híbridas que ainda prevaleçam, sabendo antecipadamente que nunca se chegará ao genoma original da espécie extinta.
Mas a hibridação na natureza muito frequentemente termina com a extinção de uma espécie.
A hibridação pode contribuir para a extinção de uma espécie por três vias:
- a extinção da sua espécie pela eventual depressão génica no híbrido manifestando aptidão diminuída
- a extinção da população original pela optimização fenotípica do híbrido que posteriormente a substitui no ecossistema, levando à extinção da parenteral
- ou ainda a extinção de ambas no caso de insucesso da sua adaptação à pressão dos factores ambientais; o caminho seguido pela hibridação e cruzamentos retrógrados, entre espécies pode levar a um ponto, ao fim de muitos anos, em que nem o híbrido teve capacidade de sobreviver, nem entretanto a espécie parenteral.
A hibridação na natureza é um acontecimento muito raro, que muito poucas vezes dá origem a uma nova espécie e que frequentemente leva à extinção de outra espécie.
Na natureza este é o processo pelo qual sempre que se forme uma nova espécie, se garante que ela seja mais apta que as outras.
É a evolução no seu melhor e no seu pior.

O HIBRIDISMO NAS AVES DE CATIVEIRO


Na natureza o hibridismo afecta em muito a biodiversidade. E ainda assim, na natureza, está regulado por factores de pressão que não permitem a sobrevivência dos inaptos ao meio ambiente:
- o tempo
- selecção natural, predação
- alopatria, peripatria, simpatria, parapatria
- outros factores biogeográficos
- isolamento comportamental, sexual
- outros factores pré-zigóticos ou pós zigóticos
- etc..
Na ornitofilia o hibridismo sofre não só pela ausência da regulação destes factores como ainda padece da própria natureza das duvidosas razões para o fazer: orgulho, vaidade, autopromoção, lucro económico, desconhecimento. Todas razões, pelo menos, duvidosas.
O problema maior reside mesmo no facto de que ao contrário da natureza onde existe tempo e factores de controlo que regulam toda a expressão génica do híbrido, no hibridismo intencional, nas aves de cativeiro, o homem não só ignora ou anula o tempo e os factores de regulação, como incentiva, tantas vezes, a sobrevivência do mais inapto (a selecção negativa); também não tem capacidade para regular a expressão de todo o genoma: ao tentar transmutar um alelo para outra espécie o homem apenas regula a expressão de alguns aspectos fenotípicos mais evidentes, como por exemplo a cor e a qualidade da pena, o porte da ave e pouco ou nada mais.
Não temos consciência, conhecimento ou ferramentas de avaliação para o controle de todos os alelos transmitidos num cruzamento híbrido. Ao hibridarmos intencionalmente duas aves estamos a passar o fenótipo que pretendemos (cor da pena e porte, por exemplo) mas também centenas de outros caracteres que desconhecemos e que também são transmutados: exemplo do gene que regula a libertação de insulina, do gene que regula o ciclo da glicose 6-fosfato desidrogenase, dos genes que regulam a reprodução, de todos os genes que regulam a defesa imunológica,  a regulação genética epistásica dos comportamentos sociobiológicos, etc., etc., etc..
Aqui a transmutação de um gene deixa de ser um tipo de introgressão intencional, em que um gene, ou quase só aquele, se introduz no genoma de outra espécie, para passar a ser puro hibridismo em que o híbrido é uma mescla aleatória de todos os genes dos genomas parenterais e em que apenas se manipula para que ele possua as duas ou três características fenotípicas que desejamos. Esta técnica de transmutação quando bem programada obrigaria a múltiplos sucessivos retrocruzamentos, com o cuidado devido pela endogamia.
Também não poderia ser de outra forma: enquanto a introgressão e a especiação são processos de ocorrência rara (0,01 a 0,1 por geração, nas aves) e com a duração de dezenas ou centenas de anos, na ornitofilia, seja o que for que se chame, este processo de transmutação ou hibridismo, é muito mais frequente e termina-se ao fim de 1 a 10 anos. Seriam necessários muitos mais sucessivos retrocruzamentos e exogamia, ao longo de bastantes mais anos, para se poder considerar que a transmutação é uma introgressão, onde tendencialmente apenas aquele caracter desejado teria passado para o genótipo da espécie alvo, por forma a manter ainda a integridade genética desta, como espécie.
Mas, na maioria das vezes este processo é acelerado e dá-se por concluído ao fim de meia dúzia de anos. Não são indivíduos transmutados, são híbridos. Este híbrido não tem identidade taxonómica, não é uma nem outra espécie!
No sentido puro da evolução da espécie estes híbridos são puro lixo!
Estamos a fazer erosão ou contaminação do património genético do individuo e da espécie e a afectar a biodiversidade.
Nem sequer fazemos ideia das consequências do que fazemos!
O próprio facto de usarmos uma população com efectivos mínimos, com uma reduzidíssima diversidade genética reduz ainda mais as hipóteses de sucesso em atingir a desejada variabilidade genética.

Na ornitofilia, noutras vezes nem se trata de transmutar nenhum caracter, mas tão só o simples facto de criar híbridos, pela sua única mais-valia de serem diferentes e improváveis. Neste caso é então bem pior: estamos a acabar com a integridade das espécies!
E o conceito é simples: ao tornarmos duas espécies mais iguais ou menos diferentes em termos génicos e ao uniformizarmos os seus alelos, diminuímos a sua diversidade enquanto espécies. Estamos a tornar iguais e uniformes seres que devem a sua identidade precisamente à diferença e variabilidade entre si.
Ainda se tivéssemos a certeza improvável de que fossem inférteis!
Por outro lado, ainda que conseguíssemos artificialmente, por hipótese absurda, criar uma nova espécie, esquecemo-nos de que não existiria nicho ecológico que a recebesse! Para a natureza não teria qualquer valor, e continuaria a ser lixo ecológico.

O hibridismo também ele pode bem ser um assunto onde os números deveras são impressionantes: por exemplo hoje em dia estão reportados e documentados híbridos de canário doméstico com outras 73 espécies diferentes! Impressionante! Para quê?
No sentido vasto da biodiversidade estes híbridos são puro lixo!
A utilização de técnicas de manipulação fenotípica tão críticas como as que praticamos na transmutação ou na hibridação exigiria por si só maior precaução científica, o que infelizmente não só não acontece, como ainda acumulamos com o desconhecimento técnico do que pensamos estar a fazer e com a utilização de outras técnicas de maneio de qualidade perniciosa, neste caso, como sejam o uso de amas (diminui o instinto) ou sobretudo a endogamia ou consanguinidade (por depressão génica).
Aparentemente o hibridismo pode ser uma actividade tão criticável e censurável.

PORQUÊ O HÍBRIDO?



“Só se é curioso na proporção de quanto se é instruído”
Jean Jacques Rousseau


O desconhecimento, a curiosidade ou o acaso não serão certamente as razões que hoje nos movem quando criamos híbridos.
E a hibridação até poderia ser uma técnica útil na ornitofilia.
Já o foi no passado nos seguintes casos, a título de exemplo:
- o bengalim do Japão
- a transmutação do factor vermelho para o canário a partir do cardinalito da Venezuela
- a transmutação de mutações entre os fringilídeos (canário, verdelhão, pintassilgo, tentilhão, lugre)
- a transmutação de alelos no grupo dos Agapornis
- a transmutação nos loris arco iris
- etc., etc.
Todos estes são casos de sucesso!
Ou talvez nem tanto!
Mas como é que se faz uma transmutação? Sabem?
O que são gerações F1, R1, R2, R3, R4?
Por melhor que eu pudesse conhecer este esquema de transmutação, provavelmente nunca o utilizaria, por entender que, pela sua complexidade, e por tantas outras razões, deve ser uma técnica altamente diferenciada praticada por quem o saiba fazer de forma controlada, experiente e tecnicamente adequada, eventualmente por um conjunto variado de criadores simultaneamente.
Na verdade os casos anteriormente referidos nem todos terão sido um sucesso pleno: por exemplo, na transmutação nos agapornis saber-se-á quantas aves hibridas, sem valor genético (lixo), foram colocadas no mercado, para que se pudesse transmutar uma mutação? Largas dezenas, no mínimo. Muitas! Demasiadas! Essas aves foram certamente adquiridas, eventualmente com desconhecimento da sua origem, e depois acasaladas como aves puras, contaminando as características da espécie em causa de forma definitiva e irreversível. Quem sabe?
Será este também o caso do Agapornis nigrigenis? Foram importados da natureza exemplares em número insuficiente que depois forma intensamente transmutados; hoje será hipoteticamente difícil garantir-se a existência de nigrigenis puros, sem contaminação genética do personatus e com diversidade genética suficiente, própria da espécie.
Ainda hoje isto pode estar a acontecer com muitos outros psitacídeos: alexandrinos, forpus, neophemas, etc..
Um híbrido depois de criado, por exemplo, pode ser cedido e posteriormente por desconhecimento acasalado com outra ave parecida mas de espécie diferente; pode ser colocado num viveiro misto onde acasale com outra espécie que nada tenha a ver com as que lhe deram origem; pode até ser, de forma correcta, sujeito a cruzamento retrógrado, mas mais tarde abandonado; pode tantas outras coisas. Quem garante que em nenhum destes casos algum destes híbridos não venha a ser fértil e venha a “poluir” o património genético de alguma ave de espécie pura? E rara? E que depois algum de nós a venha a introduzir nas suas linhas de criação, descaracterizando toda uma espécie?
Estes são os problemas da ética, ou da falta da mesma, na criação de híbridos!

E, mais uma vez, não se pense que o maior problema do híbrido é a sua fertilidade. Até concordaria, se fosse verdade! Mas é incerto. Quem pode garantir que um determinado híbrido nunca será fértil?

O problema é que a hibridação, mesmo que controlada por cientistas, é sempre muito problemática: no caso dos cereais a transmutação é feita para fins de produção alimentar em laboratório, por quem de ciência, em ambiente tão controlado quanto possível, e criticamos. Oh se criticamos! Claro, os riscos de afectar a biodiversidade são imensos sempre que esta técnica seja mal utilizada ou aproveitada.
Porque não reconhecemos estes riscos quando o fazemos com inexperiência e desconhecimento científico com as nossas aves?
Elas não são brinquedos nas mãos de uma criança traquina!
Pertencem a uma espécie, a um género, a uma família, a uma ordem. Possuem uma taxonomia que não podemos modificar.
São seres vivos!

Mas mesmo que pudéssemos garantir que não haveria contaminação do património genético de uma espécie teríamos o direito ético de cruzar espécies diferentes?
De interferir de forma tão nefasta com as leis da natureza?
Provavelmente nunca!

Em alguns casos até se poderá argumentar que é uma cultura secular e tradicional.
Hoje em dia usufruímos do bem-estar de uma vida controlada pela ciência, que não devemos nunca e não podemos, quando nos aprouver, argumentar com a tradição e a cultura, num assunto que deveria ser ciência pura, como se ainda tivéssemos o direito, quando no interessa, de nos orientar pelo desconhecimento, pelo obscurantismo e pelo acaso!


“Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los”
Isaac Asimov

Amigos,

ao final do artigo acima, coloco algumas citações do livro "Enciclopédia dos Agapornis", de autoria do Dr, Alessandro D´Angieri. Acho que temos muito o que aprender com estes criadores de Agapornis, afinal, eles fazem um trabalho técnico e criterioso "importando" mutações de uma espécie para outra há anos, e aprenderam como fazer isso de forma excepcional.

"Hibridar é misturar espécies de maneira desenfreada e aleatória sem quaisquer critérios de seleção nem com o intuito de melhoria com transferências de genes nem com características específicas."

" Os meus amigos e leitores sabem que muitas vezes me coloquei contra estas técnicas de seleção. Na verdade não podemos lutar contra os resultados fantásticos e maravilhosos de tantos criadores que hoje encontramos.[...] Devemos respeitar esses "trabalhos de engenharia genética" quando feitos seriamente e as aves intermediárias originadas não devem competir em campeonatos. Devemos evitar cruzarmos mutações por ignorância e desconhecimento, ou seja, não devemos cruzar (Agapornis) personatus diluídos com (Agapornis) nigrigenis diluídos somente porque são semelhantes. Aí sim estaremos hibridizando e não selecionando."

Abraços, César
Postagem recuperada do extinto Nação, postado pelo membro [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] em Qua 2 Jan 2013 - 23:06
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Mensagem por rodneyferreira Sáb 05 Dez 2015, 20:41

Excelente texto!!!
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