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FISIOLOGIA DAS AVES - O CANTO

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Mensagem por MARTÍN Ter 17 Fev 2015, 13:17

Por que cantam as aves


Quando um pássaro abre o bico e lança o seu canto, ele não esta executando um ato voluntariamente artístico. Seu objetivo é outro : ele está de alguma forma se expressando ou manifestando um sentimento específico. E como cada uma das milhares de espécies canoras possui o seu linguajar próprio ao ornitólogo de ouvido experiente se torna fácil identificar a presença desta ou daquela espécie, mesmo que a ave esteja invisível no emaranhado vegetal. Aliás, nos cada vez mais sofisticados laboratórios de bioacústica, as gravações das vocalizações tem inclusive permitido aos estudiosos das aves a diferenciação de espécies gêmeas cujas plumagem e morfologia davam margem a classificações errôneas. E nesses mesmos centros de pesquisa, as vozes das aves estão sendo dessecadas, para melhor possibilitar a cmpreensão dos fenômenos da vocalização e da música instrumental.

Fisiologia do canto


Enquanto o homem e outros mamíferos possuem sonoridade a partir da laringe, a caixa de voz dos passeriformes se situa na siringe localizada na parte inferior da traquéia. Descobriram os técnicos em bioacústica que a capacidade daquele órgão se reflete na amplitude auditiva da ave. Cada espécie de ave canora reage melhor às freqüências  das quais se compõe sua própria vocalização, a qual abrange até oito oitavas.

Segundo Crawford Greenewalt autor de Bird Song: Acoustics and Physiology, " os passaros não possuem ressonâncias propiciadas pelas cavidades humanas". Com isto, os estudiosos da fisiologia do canto dos pássaros chama a atenção para um fato importante. Enquanto nas aves a siringe é de certa forma o único aparelho formador do som, nos humanos, além da laringe, entra em jogo a complexidade do aparelho fonador que modula o timbre. Mesmo assim as aves conseguem realizar façanhas maravilhosas, inclusive emitir 45 notas por segundo.

E, no tocante a duração do canto, certas aves conseguem a proeza de estende-lo por mais de sete minutos. Isto só é possível porque ela respira enquanto canta, ficando esta ação expressa no ritmo. Há no entanto pássaros que produzem música instrumental, ou seja, aquela que a siringe não é chamada a participar. A manifestação sonora é produzida pelo estalar dos bicos, pelo chocar de penas e mesmo nas vias respiratórias --- sem interferência da siringe --- através de almofadas de ar que certas aves apresentam no tórax. Nestes casos, a comunicação acústica prescinde a siringe e inexiste vocalização até mesmo nos atos de corte e sedução que precedem o acasalamento.

Todo pássaro canoro tem inscrito em seu código genético as instruções que lhe permitem emitir as vozes de chamada, manifestações sonoras básicas como gritos ou pios que as caracterizam. O canto e suas variantes são aprendidos com indivíduos adultos da mesma espécie, e certos pesquisadores chegam a afirmar que um pássaro jovem necessita de cerca de cem dias para dominar a vocalização característica de sua espécie. Deste modo fica claro que o estímulo social faz parte do processo de aprendizado. Sem estímulo os pássaros não aprendem os cantos.

E, tanto isso é verdade que a falta de exemplos sonoros pode levar a deformações. Não são raras as aves que afastadas do convívio de seus pares acabam adquirindo o meio de expressão de outra espécie. Tal fato não deve ser confundido com a facilidade que certos pássaros tem de arremedar a expressão vocal alheia. É o caso, por exemplo, dos papagaios que chegam a imitar a voz humana. Para muitos ornitólogos  o fenômeno deve ser creditado a uma relação intima e constante.

Na natureza o gaturamo-verdadeiro (Euphonia violacea) e capaz de imitar a voz de até dezesseis outras aves. No entanto, é preciso esclarecer que estas imitações se dão sempre ao nível da chamada, que a ave introduz dentro da linha de seu canto. Pois quando ela precisa lançar mão do grito de advertência diante de uma situação que lhe diz respeito, jamais utilizará a chamada de outra espécie, mas a que lhe é característica.

A manifestação sonora das aves são elementos de comunicação com membros de sua própria espécie, em momentos específicos de convívio social. Já esta provado que um grito de alarme solto por um pássaro não se destina a outros indivíduos de sua espécie, mas a ele próprio. Não há intenções de solidariedade social, de advertência para o grupo. No entanto, como a vocalização comporta em si mesma noção de perigo, e pode ser decodificada por outras aves, a presença do inimigo não é apenas detectada por indivíduos da mesma espécie, como por outros que com ela convive no mesmo habitat.

Embora ocorra uma tendência de padronização do canto, não raro dentro de uma mesma espécie, pode-se verificar dialetos em raças que se distanciaram geograficamente. Em alguns casos, os dialetos se afastaram tanto da manifestação do canto que uma ave não reconhecerá o canto de sua própria espécie gravado em outra população; reconhecerá somente chamadas, que por serem geneticamente herdadas, permanecem inalteradas.

O canto dos pássaros caracterizado pelo acúmulo de série de notas diferentes vem a ser uma manifestação típica de domínio territorial. Com ele a ave adverte suas semelhantes sobre limites de seu território e atrai a fêmea para função de perpetuação da espécie. N a época do acasalamento, alem dos machos, as fêmeas se põem a cantar em duetos de rara harmonia e complexidade. O canto parece ser uma resposta à química hormonal que se opera em seus organismos. Também na época da reprodução verificam-se os cantos da madrugada e do crepúsculo, inteiramente diferente dos padrões emitidos durante o restante do dia.

As aves canoras não se limitam a emitir suas vozes peculiares apenas na época de sua procriação. Os cantos mais ricos e variados em motivos  não estão presos aquele impulso vital, nem se prendem a nenhuma intenção comunicativa. Na verdade os cantos que nós mais apreciamos são os lançados pelas aves ainda jovens, durante o aprendizado, ou em indivíduos cujo desenvolvimento sexual declinou. A vocalização é então entoada em meia-voz e recebe a designação de canto secundário. Em nosso território, inúmeras aves  são as espécies canoras ,mas, para que todas elas continuem a cantar é preciso garantir a integridade de seus habitats.



Fonte : Revista geográfica universal
Nº 130 setembro de 1985
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Mensagem por DAVI COUTINHO Ter 17 Fev 2015, 17:06

Boa tarde amigos do Universo dos Canários!

Mais um bom artigo sobre ornitologia, em nosso fórum. Proveniente de uma fonte respeitável sob todos aspectos. Todavia algumas afirmações carecem de melhor clareza, principalmente esta tese que aparece no artigo sob o título FISIOLOGIA DO CANTO, colocado a seguir em negrito.
 
(Já esta provado que um grito de alarme solto por um pássaro não se destina a outros indivíduos de sua espécie, mas a ele próprio. Não há intenções de solidariedade social, de advertência para o grupo).

Observando ao londo dos anos hábitos sociais e de comunicação dos pássaros percebi que existem espécies gregárias (vivem em bandos) com hierarquia bem definida dentro do bando, e utilizam o canto codificado para comunicar-se uns com os outros em todas ocasiões e o tempo todo, inclusive em situações de perigo.
Uma destas espécies é conhecida no Brasil praticamente de norte a sul; Trata-se de um pássaro conhecido na maior parte do país como ANÚ; existe a variedade branca e negra, as duas tem os mesmos hábitos alimentares e sociais, são gregários, insetívoros, mas também costumam alimentar-se de filhotes de outros pássaros, roubados no ninho, e pequenos lagartos.


Esta espécie sempre que se organiza para buscar alimento sob a vegetação rasteira e cerrada, coloca um vigia num galho, em posição mais elevada, onde fica alerta e tem ampla visão do bando, quando se aproxima qualquer elemento que representa perigo, este vigia emite uma sequência de gritos ou piados específicos aos quais o bando responde prontamente; ou ficando em alerta máximo, ou fugindo imediatamente.
Pode-se concluir que esta atitude tem uma clara intenção de alarme e solidariedade social com o grupo que fica desprotegido sob a vegetação enquanto procura alimento.


Não trata-se de um simples questionamento, mas repassar uma experiência observada ao longo do tempo, repetidamente em muitas ocasiões.

Um abraço;
Davi.   
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Mensagem por JuliaSilva Qui 19 Fev 2015, 16:33

Olá a todos,

É um ótimo artigo, informativo, mas de fato a colocação do Davi foi importante, pois realmente alguns tipos de pássaros se comunicam pelo som, sendo quase a maioria.

Atenciosamente.
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Mensagem por MauricioJr Qua 04 Mar 2015, 15:29

Ola pessoal,
Muito legal este artigo.
Eu ja tinha lido na versao original em ingles , a proposito o primeiro volume foi lancado em 1968...
Nao sabia que tinha uma traducao para o Portugues. Tem muita coisa nesse livro que e usado pelos criadores de canario de canto...
Obrigado por compartilhar...



  • BOOK REVIEWS


Bird Song. Acoustics and Physiology. CRAWFORD H. GREENEWALT. Smithsonian Institution Press, Washington, D.C., 1968 (distributed by Random House, New York). viii + 196 pp., illus., + 2 records. $12.50. Smithsonian Publication 4750
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Mensagem por MauricioJr Sáb 08 Ago 2015, 08:34

Trabalho maravilhoso realizado pela CCED - Canario de Canto Espanhol Descontiuo com espectogramas do canto de varias racas de Canarios de Canto: Timbrado Espanhol, Descontinuo, Harz Roller, Malinois, Cantor Americano, Cantor Russo e outros...

Nao deixem de conferir:

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Mensagem por MauricioJr Ter 11 Ago 2015, 14:13

Ola pessoal,
Eu sei que esta em Espanhol, os audios as vezes demoram um pouquinho para carregar e a pagina e bem longa... 
Mas quem tiver um pouquinho de paciencia para ler e ouvir os audios vai aprender muita coisa...

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Forte abraco a todos....
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Mensagem por José Carlos Pereira Qua 12 Ago 2015, 13:55

Obrigado, Maurício, abriu normalmente.
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